
Pipoca Lunar: Marianne, a Bruxa Amaldiçoada! – Semana de Halloween
Chegamos ao início da semana de Halloween e vocês já perceberam que com a Hekate aqui, as coisas nunca são da maneira convencional. Então, se você chegou até aqui por estar navegando por nosso blog e pensou “hmm, início da semana de Halloween, deve ser um post sobre filmes americanos antigos.”, sinto lhes decepcionar – mas já os convido para embarcar nesse trem comigo.
Faremos viagem até as terras francesas, de onde é originária a série que é o tema principal desse texto. Os apaixonados por coisas de terror, sobrenaturais, de certa forma perturbadoras, e da Netflix, já devem ter ouvido falar sobre Marianne.
A série francesa, que foi lançada em 2019, fala sobre uma escritora de uma série de livros de terror, que decide colocar um fim na saga – e passa a ser atormentada por sua personagem principal. Claro que coisas bizarras começam a acontecer e ela decide voltar à cidade onde nasceu – em que seus pais ainda moram – e é ai que tudo começa a ficar mais bizarro ainda.
Peguem os cobertores, mantas ou lençóis – que são mais conhecidos nas terras de nós, medrosos – como escudo de proteção contra espíritos do mal e venham com comigo até Elden conhecer mais sobre essa série, essa escritora e o que a assombra.

Na Mente de Quem Marianne Morava Antes de Virar Personagem de Livro na Série!

Talvez você, que é fã da cinematografia francesa, já tenha ouvido falar sobre Quoc Dang Tran ou Samuel Bodin. Mas se não – assim como eu – não tem problema: agora é a hora de saber algumas informações e anotar algumas indicações das produções de ambos.
Tran é roteirista e, embora não tenham muitas informações sobre ele por aí, só pelo bom trabalho em Marianne já aposto minhas fichas em seus outros trabalhos. Nox (2018), que é uma minissérie policial/investigativa de seis episódios, e Le Bureau des Légendes (2015), que é uma série de drama e investigação e ainda está sendo produzida, contando com 5 temporadas.

Já Bodin, é diretor e roteirista francês, que também tem alguns outros trabalhos – pouco conhecidos e divulgados – mas que conseguiu colocar de forma assertiva todo o terror e as cenas de susto em Marianne. Ele já tinha trabalhado com a temática de terror antes com o filme Welcome to Hoxford de 2011.
O trabalho dos dois ficou excelente – em minha humilde opinião – e, embora algumas coisas tenham ficado com as pontas soltas, minha esperança era uma segunda temporada para que todos os pingos fossem postos nos “i”s. Claro que o fato da série ter sido cancelada pela Netflix é uma chateação, mas não estraga o quão legal a primeira temporada é.
Marianne, a Bruxa Amaldiçoada

A série começa quando Emma (Victoire du Bois), que é uma jovem escritora de trinta anos, decide dar fim a saga de livros que lhe rendeu fama e sucesso no lado sombrio da literatura. A série de livros produzida por Emma conta a história de Lizzie Larck, uma espécie de heroína, que luta e combate as forças do mal, vindas da vilã da trama, Marianne.
Mas tal ação acaba desencadeando uma série de acontecimentos bizarros e revive algumas assombrações do passado. Atormentada por sonhos bizarros e hiper realistas, Emma tenta não dar muita atenção – afinal, como já estava cansada e frequentemente bêbada, pensava não ser nada além de sua mente lhe pregando peças.

Sua percepção só muda de figura, quando em uma de suas sessões de autógrafos, Caroline (Aurore Broutin) – uma amiga antiga – aparece falando que algo sombrio estava chegando, possuiu sua mãe, e que precisava retornar para Elden – a cidade natal de Emma, a qual ela tinha deixado para trás quinze anos atrás.
De início, Emma se recusa a voltar para a cidade, mas preocupada por não conseguir falar com os pais, arrasta para a viagem sua assistente pessoal Camille (Lucie Boujenah) – que é quem tenta colocar algum tipo de juízo na vida boêmia e descuidada da escritora.
A chegada a Elden já começa de maneira estranha: a má recepção do padre local já deixa a gente com uma pulga atrás da orelha – e nos faz compreender um pouco mais a resistência assídua daquele retorno. Mas para mim, a parte mais chocante nesse início, é o encontro com Madame Daugeron (Mireille Herbstmeyer) a mãe de Carol, que parece realmente estar em algum surto psicótico, dizendo que é Marianne e urinando nas próprias calças.

Daí em diante é estranhice atrás de estranhice: pessoas agindo de forma nada humanas e aparições horripilantes.
O grupo de amigos de Emma se reencontra depois de 15 anos sem a formação original – apesar de estar com um membro a menos, devido à morte de Carol. E depois de uma série de eventos sobrenaturais, eles resolvem tentar impedir a bruxa de continuar com aqueles tormentos que vinha causando. Nesse momento da série eu me senti como se estivesse no mundo de It – em que os amigos se reúnem para acabar com o monstro – e foi uma sensação muito legal.
Umas das coisas legais dessa série, é que Marianne faz Emma e todos da cidade passar por situações insuportáveis, para que ela volte a escrever seus livros. E, depois que Emma finalmente cede à pressão, tudo o que ela escreve vira realidade, deixando as coisas mais tensas – e fazendo com que os personagens corram com as tentativas de acabar com aquela maldição.

A fotografia e todos os efeitos especiais, bem como cenário e figurinos, foram as coisas que mais me chamaram a atenção – eu sou apaixonada por essas partes técnicas nas produções, e Marianne certamente acertou em cheio – além de cenas fortes beirando o nojo, que deu um charme a mais a pequena cidade nublada e cinzenta de Elden.

A personalidade da personagem principal por muitas vezes me fez passar raiva também: a forma egoísta e soberba como ela pensava e levava sua vida por muitas vezes me fez questionar se eu gostava ou não do que estava acontecendo com ela – até entender o real motivo pelo qual ela agia daquela forma.
(Ok, na minha mente eu ainda acho que não era desculpa, mas meu senso conseguiu compreender e seguir em paz.)
Quem é Marianne Afinal?

A Bruxa – que em primeiro momento é ilustrada como personagem dos livros de Emma – parece ser mais uma dessas personalidades demoníacas das inúmeras obras de terror por aí, mas quando ela sai do fictício, do imaginário, do papel, para a vida real, a gente percebe que o buraco é mais em baixo.
Ao longo dos episódios fica nítida a conexão de Emma com a bruxa – que não é algo novo, um delírio de autora. É algo que definiu a vida toda da mulher, a forma com que ela se relacionava com seus amigos ainda em Elden, e depois, já longe, com a vida que levava depois da fama.
Como eu disse no início, a série não explica algumas coisas – as quais minha maior esperança estaria na segunda temporada – e uma delas é o real motivo pelo qual elas são conectadas dessa maneira. Claro que Marianne assombra outros moradores da cidade, mas com Emma é algo mais pessoal, mais incisivo, como se elas fossem parte de uma mesma coisa – não sei direito como explicar essa sensação.

A origem da bruxa é citada e mostra que ela viveu na cidade de Elden em 1587, com o nome original de Marianne Basselin. As informações começam com a infância da bruxa, quando sua casa pegou fogo, misteriosamente matando seus pais e deixando ilesos ela e seu gato. E, ao decorrer de sua vida, a morte parece a rodear de todas as maneiras.
Em sua adolescência, sobreviveu à praga – com seu gato, como na infância. E depois que se casou, teve seu primeiro filho morto quando o berço pegou fogo, enquanto seus outros dois filhos sumiram depois que ela os levou de noite para a floresta.
Em resumo, no final de tudo – depois de matar o marido – ela se casa com o demônio Beleth, que é o demônio dos gatos, aos quais ela amou e protegeu sua vida toda. E como espírito amaldiçoado por seus atos durante a vida e a entrega da alma ao demônio quando se casaram, Marianne ficou presa à cidade, atormentando seus moradores.
Bônus: Assista Marianne
Claro que para uma série de oito capítulos, talvez esse post não seja o suficiente para uma bela explicação – mas fica a dica! Não tem costume em assistir coisas na língua francesa? A dublagem por aqui é ótima. E a cinematografia francesa – que sempre foi uma das minhas favoritas da vida – vem recebendo cada vez mais espaço e conteúdos bons, como Marianne e muitos outros.
Assista na Netflix: Marianne

